DESTRUIÇÃO DO CORDÃO DUNAR 'RECUPERADO' EM ALVOR !
Não é demais lembrar que um cordão dunar é constituído por três agrupamentos de espécies vegetais :
A - Agrupamento vegetal ante-dunal ou duna avançada, que corresponde a uma zona de acumulação de detritos orgânicos transportados pelas ondas, com um coberto esparso de Salsola kali (barrilha espinhosa), Cakile maritima (eruca maritima). A vegetação nesta estreita faixa apresenta-se muito espaçada e o vento movimenta facilmente as areias, que arrasta para o interior;
B - Agrupamento vegetal pré – dunal dominado pelo Elymus farctus (feno das areias) e inclui ainda o Erygium maritimum (cardo marítimo) e Polygonum maritimum;
C - Agrupamento de duna primária, caracteriza-se pela presença da Ammophila arenaria (estorno),e inclui no flanco marítimo a Euphorbia paralias (morganheira da praia)e Otanthus maritimus (cordeiros da praia), a Euphorbia peplis. No flanco continental domina a Artemisia campestris (madorneira) a que se junta o Thymus carnosus (tomilho carnudo) a par com a Calystegia soldanella., o Lotus creticus , Eryngium maritimum , Crucianella maiítima , Pancratium maritimum, que crescem um pouco por todo o lado, em povoamentos pouco densos e muito esparsos.
Estas formações presentes no cordão dunar de Alvor, encontram-se legalmente incluídas no Plano Sectorial da Rede Natura 2000, Sitio Ria de Alvor com o Código PTCON0058, Resolução do Conselho de Ministros nº 76/00, de 5 de Julho, classificadas como Habitats naturais e semi-naturais constantes do anexo B-I do Dec - Lei 49/2005, com o código 2110 ( Dunas móveis embrionárias e 2120 Dunas móveis do cordão litoral com Ammophila arenaria). Este foi decerto o motivo pelo qual toda esta faixa, no ambito do Programa Operacional da Região do Algarve foi alvo de uma empreitada onde se construiram 3 passadiços sobre-elevados de acesso à praia e balizamento do cordão dunar.
Esta importante intervenção, teve sucesso! disciplinar a circulação pedonal diminui o pisoteio e possibilita a regeneração natural do coberto vegetal. Este caso não foi diferente a fotografia mostra que a vegetação cresceu e cobriu por completo a duna.
No entanto, a falta de manutenção tanto do balizamento como dos passadiços, assim como a degradação das postos de informação levam que que hoje a referida intervenção esteja no estado visível nas fotografias em baixo.
Como uma desgraça nunca vem só, as máquinas 'entraram' pelas dunas dentro e abriram um rombo, destruindo desta vez não só a vegetação, mas a própria forma (morfologia) da duna. Basta ver as fotografias abaixo para perceber que era essencial o acompanhamento técnico de qualquer obra neste ecossistema tão sensível.
Link para Site do ICN - Plano Sectorial Rede Natura 2000, Sitio Ria do Alvor
Tendo em conta que a Câmara Municipal de Portimão contempla o sitio da Ria de Alvor como um exemplo didáctico, visitado pelas crianças das diferentes escolas do nosso concelho (Projecto de Acção Educativa - "Vamos conhecer as dunas"), gostaríamos de sugerir a consulta por parte dos responsáveis do Guia entregue ás crianças (e produzido pela autarquia), mais propriamente da página 21 e 22 que se refere aos comportamentos a ter e como ser amigo das dunas.
Perguntas ao Executivo :
1 - que intervenção justifica o atravessamento das dunas por parte de veículos pesados ?
2 - que monitorização e manutenção tem vindo a ser desenvolvida aquela empreitada ? (não esquecendo que a mesma teve um custo de 43.347,50 €)
3 - qual a previsão do fim da obra atrás referida ?
4 - quem vai pagar a recuperação dos estragos verificados ?
Informação enviada para os seguintes destinatários :
Instituto de Conservação da Natureza (ICN)
Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve (CCDRAlg)
Câmara Municipal de Portimão, via página do municipe
Junta de Freguesia de Alvor
quarta-feira, 25 de março de 2009
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8 comentários:
Penso que o problema és sermos nós,sermos "portuguzinhos", mal educados,mal formados, sem estudos,sem respeito por nada, com mentalidade medieva.Nunca ninguêm vai fazer entender o matarruano anormal português ( 90% do povo ) que as dunas têm que ser respeitadas,que têm organismos vivos importantes, que albergam espécies importantes no ecocistema ( eco quééééééé???? ),portanto só recorrendo a multas exageradíssimas e controlo policial a sério ( e não o primo do que vai lá fazer o trabalho e que até é dali do Alvor ou dos Montes,etc... ).
É verdade caro Luis, tem toda a razão. Mais ainda quando quem faz o serviço não sabe o que está a fazer, não tem formação para aquele tipo de intervenção. No entanto, nada é feito e muito é estragado.
O que fôr detruido, dificilmente será reposto.
É mais uma vergonha para a nossa cidade.
Tantos fundos comunitários utilizados para esta intervenção na Ria de Alvor e afinal de contas acha-se normal colocar veiculos pesados a destruir as nossas dunas.
Espero bem que a CCDR e ICN digam alguma coisa, ou melhor que façam alguma coisa.
Aguardemos para ver.
Também espero que o SOS Portimão divulgue o que fôr sendo respondido pelas diversas entidades.
Eu para já espero que hajam respostas, o que posso adiantar que nem sempre é assim.
O Correio da Manhã deu importância ao assunto, é pena não ter sido assim para outros orgãos de comunicação social locais.
Portimão é mesmo assim, primeiro gasta-se milhares para preservar e tentar mudar a imagem, depois na altura ideal gasta-se mihões para remendar o mal feito e destruir o que se fez de bom.....
AS máquinas parece que simplesmente desapareceram .... mas os 'buracos' ficaram lá por remendar.
Vamos acompanhar esta situação pois parece-me que ainda vai correr muita tinta ...
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